Monday, June 09, 2014



Esse é o segundo de uma série de textos sobre Mlle Le Normand que estou traduzindo para que possamos conhecer a vida e obra da mais famosa adivinha de todos os tempos e entender a sua real relação com o baralho que leva o seu nome, outros oráculos e o mundo da leitura da sorte.

Mais adiante, publicarei a mais importante biografia de Mlle Le Normand escrita pelos pesquisadores Decker, Dummet e Depaulis através da qual todas as traduções que fiz até agora ganharão novo sentido aos olhos dos curiosos e estudiosos.

Vale lembrar que grande parte do que foi escrito sobre a Sibila dos Salões foi baseado em seus próprios livros, tornando questionáveis seus conteúdos. Le Normand fez um brilhante trabalho de marketing voltado para sua autopromoção, fortalecendo a imagem da personagem que criara, ocultando, assim, sua verdadeira história.
O livro REMARKABLE WOMEN OF DIFFERENT NATIONS AND AGES - MULHERES NOTÁVEIS DE DIFERENTES NAÇÕES E ÉPOCAS foi escrito treze anos após a morte da vidente é, como descrito no seu prefácio, uma compilação de textos de outros autores:

“Os esboços biográficos a seguir, com poucas exceções, são escritos de autores americanos e ingleses. 
...
O compilador não atribui a si qualquer crédito sobre a obra, exceto por reunir nela as mais extraordinárias mulheres de diferentes épocas e nações, cujas vidas ocupam um certo lugar entre romance e história. ...”

Não deve ser levado como referência para o entendimento da vida de Marie Anne Le Normand, pois, como veremos mais tarde, ele se constitui mais de romance do que fatos, de qualquer forma, é importante para que possamos conhecer como a sibila era vista na época.

REMARKABLE WOMEN OF DIFFERENT NATIONS AND AGES - 
MULHERES NOTÁVEIS DE DIFERENTES NAÇÕES E ÉPOCAS.

Publicado por: J.P. Jewett
Ano: 1858

MADEMOISELLE LENORMAND - A ADIVINHA

Lenormand – Angélica – pobre Angélica! – a PRINCESA DE CARABOO: - cada um com sua comitiva de monarcas e chefes de estado, eruditos e artistas, lordes e damas, - a sacerdotisa, - a vítima, - a burlista, - no templo da Fortuna

Os franceses tem sido acusados de ceticismo e falta de fé em questões de grande importância. Nós não estamos aqui para questionar isso, mas à soma de quinhentos mil fracos, acumulada por Mademoislle Lenormand, a célebre adivinha, constitui forte evidência da credulidade da nação nos assuntos em que a falta de fé poderia ser justamente defendida. E essa credulidade, estranho dizer, manifestou-se num momento em que o que era chamado de grilhões de superstições antigas foi deixado de lado por grande parte da sociedade. Além do que, não parece ter havido alguma notável exaltação ou mostras de Inteligência. Algumas coincidências fortuitas, uma autoconfiança desmedida e uma considerável perspicácia eram a base de seus presságios e serviam para suscitar , numa forma singularmente impressionante, a fraquesa de muitos dos mais célebres personagens do último século; embora deva-se lhe reconhecer que seus compatriotas não eram os tolos de sua impostura.

O pai de Mademoiselle Lenormand era de Falaise; mas, tendo se casado com uma Mademoiselle Guilbert, de Aleçon, estabeleceu-se na última cidade, onde a célebre adivinha nasceu, além da sua irmã mais nova e um irmão que entrou para o serviço militar. Madame Lenormand morreu jovem, e seu viúvo, que casou outra vez, não viveu por muito tempo as suas segundas núpcias. O seu segundo marido, logo superou a sua perda tendo outra esposa, de quem Mademoiselle Lenormand e seus irmãos ficaram dependentes dos cuidados do pai e uma madrasta que, para se livrar da jovem família que não lhe pertencia, colocou as filhas num convento de freiras Beneditinas na cidade, donde, quando tivessem aprendido tudo que as bondosas irmãs pudessem ensinar, seriam removidos para aquele de Visitation e por todos os conventos de Aleçon, um de cada vez depois dos quais, a futura profetisa foi aprendiz de costureira. Foi na casa das Beneditinas que Mademoiselle iniciou sua vocação prevendo que a Madre Superiora seria, dentro de pouco tempo, retirada de seu posto pelo qual, o mal presságio levou a jovem dama a uma punição e o cumprimento de uma pena, porém a sua realização, logo, confirmou a previsão. Ela continuou a carreira que começou anunciando o nome, idade e várias outras particularidades da substituta da antiga abadessa. Na época, haviam várias candidatas ao posto e a decisão final permaneceu incerta e suspensa. Constatando-se, por completo a verdade do oráculo, ele confirmou as pretensões da jovem dama em ter um poder sobrenatural de revelar acontecimentos futuros. Mas a cidade de Aleçon era limitada demais para o seu caráter ambicioso e para quem desejava empunhar a varinha da profecia. Ela convenceu sua madrasta a envia-la para Paris, onde seu padastro morava; e aos 14 anos Mademoiselle Lenormand chegou na cidade sem nas nenhum bem mundano a não ser as roupas que carregava nas costas e uma quantia de seis francos no bolso, dada a ela por sua protetora materna.

Logo que chegou na grande cidade, seu padrasto conseguiu uma vaga numa loja onde rapidamente conquistou a boa vontade de seus patrões e la grosse Normande tornou-se a favorita de todos. Um dos funcionários foi incumbido de ensinar-lhe aritmética e contabilidade e deu-lhe algum conhecimento de matemática. Dedicando-se aos seus estudos com grande afinco, elas, em pouco tempo, superou seu instrutor e resolveu, depois de certo tempo, sustentar-se por conta própria, de acordo com a sua forma de ser e inclinações. Para isso, ela montou um bem sucedido bureau d’ecriture na Rue de Tournon , onde continou a exercer sua vocação como profetisa até a sua morte em 1843. Seu sucesso permitiu-a proporcionar à sua irmã o casamento de seus sonhos e promover a carreira militar de seu irmão. Foi no fim do reinado de Louis XVI que Mademoselle Lenormand iniciou suas práticas. Os problemas que inquietavam a mente de todos a sua volta e os enchia de agitação e ansiedade, eram muito propícios para ela. A desafortunada Princesa de Lamballe, cujo intempestivo destino prevera, era uma de suas clientes frequentes e que possuía uma carta de Mirabeau, escrita de sua prisão em Vicennes, na qual pedia-lhe que lhe dissesse quando seu cativeiro chegaria ao fim.

A revolução seguiu-se e candidatos às graças de seus poderes oraculares, aumentaram. Alarmados com o rápido progresso dos eventos e tomados por superstições por causa de seus medos, multidões de ansiosos consulentes amontoavam-se na Rue de Tournon sob vários disfarces que não exigiam grande perspicácia ou talento para descobrir. Foi nessa época que dois guardas franceses que se juntaram à multidão no ataque à Bastilha, vistaram a célebre leitora do futuro: para um ela previu uma curta, porém gloriosa carreira militar e uma morte precoce por envenenamento; para o outro o bastão de marechal da França. O último seria, mais tarde, o General Hoche, cujo precoce destino era cheia de augúrios: o outro, o célebre Lefbvre. O Conde de Provença (mais tarde Louis XVIII), na noite de sua fuga de Paris, consultou a sibila da Rua de Tournon antes de sua partida.

Durante o reino de terror, Mademoiselle Lenormand continuou por algum tempo, sem ser incomodada no exercício de suas práticas divinatórias e foi visitada numa noite por três homens que exigiram, com sorrisos de evidente incredulidade, conhecer o seu destino futuro. Ao examinar, atentamente, suas mãos ela ficou bastante agitada, provavelmente, sabendo com o que teria de lidar; eles a encorajavam, todavia, a falar sem medo, como se estivessem preparados para ouvir qualquer destino que ela proferisse. Ela ficou quieta por algum tempo e continuou examinando as cartas com muita atenção, mas com considerável excitação; dando-se por vencida, na medida de sua motivação, ela previu seu destino e, trágico como foi, eus visitantes receberam a profecia com altas gargalhadas de incredulidade. “O oráculo falhou,” disse um deles, “se estamos fadados à destruição, devemos, pelo menos, cair ao mesmo tempo; não posso ser a primeira vítima e receber tão esplêndidas honras depois da morte, enquanto as pessoas irão encher seus últimos momentos com cada insulto possível.” “Ela difama os cidadãos e deveria responder por isso no tribunal”, disse o mais jovem do grupo. “Bah!” respondeu o terceito; “Não vale a pena preocupar-se com sonhos proféticos.” A morte de Marat, um dos consulentes, em pouco tempo, confirmou a primeira previsão; e a realização da segunda salvou a profetisa da destruição, ela estava sendo encarcerada quando Robespierre e St. Just, os outros dois visitantes, encontraram o destino que ela lhes previu. Como aconteceu da ciência de Mademoiselle Lenormand não a tê-la protegido dos perigos em que foi envolvida, não há registros. Devemos supor que, ocupada com o destino dos outros, ela parece não ter lido o seu, colocando-se em situações perigosas que poderia ter evitado se examinasse sua própria mão ou abrisse as cartas para que fosse ficar informada e sabendo o que estaria por vir. Ainda assim que ela acreditava, realmente, no seu poder divinatório parece comprovar-se pela sua conduta em relação ao seu irmão que, como é sabido, foi para o exército. Recebendo a notícia de que foi ferido severamente num combate, ela não parou de buscar nas cartas sobre o seu estado de saúde; e, depois de passar a noite em várias pesquisas cabalísticas, ela foi encontrada, pela manhã, por sua assistente, banhada em lágrimas, dando ordens para iniciar o luto, tendo apurado, disse, que seu irmão estava morto, o que foi, mais tarde, confirmado com a chegada de cartas.

Depois do reino de terror, a celebridade da profetisa continuou a crescer. Barrère era um de seus frequentes visitantes. Madame Tallen, raramente passava uma semana sem valer-se dos poderes sobrenaturais da sibila. Barras a enviava, frequentemente, para Luxemburgo. Pelo acesso que tinha a todos os partidos, não era preciso grandes habilidades divinatórias para prever os grandes eventos que ocorreram naquela época. O Império, entretanto, foi a época de sua mais rica colheita. Josephine, como era conhecida, cria firmemente em augúrios e profecias. A primeira previsão de sua de sua futura grandeza e seu fim, tem sido repetida sem que contestação que se tornou um fato irrefutável que justificaria a inabalável crença que ela tinha nos oráculos de Mademoiselle Lenormand, a quem, constantemente, perguntava, entre outras questões, explicações sobre os sonhos de Napoleão e, quando ele planejava qualquer novo empreendimento, a imperatriz não deixava de consultar a sibila sobre os seus resultados. Os desastres das campanha russa, diz-se, foram previstos por Mademoiselle Lenormand e, foi por ela mesmo que Josephine recebeu a primeira indicação do divórcio que se avistava, cuja revelação prematura, infelizmente para a autora, causou-lhe uma entrevista com Fouché, a queme, sendo apresentada, perguntou, em tom jocoso, se a as cartas haviam-lhe informado da prisão que lhe esperava. “Não,” ela respondeu; “Pensei que ter sido chamada aqui para uma consulta e as trouxe comigo;” ao mesmo tempo que as colocava sobre a mesa do chefe de polícia, sem qualquer constrangimento. Sem mencionar o divórcio, Fouchè começou a repreendê-la por muitas das professias que ela tinha, recentemente, proferido e que, apesar da atenção que recebia da imperatriz, tinha sido contrata para estimular as esperanças dos monarquistas em Faubourg St. Germain. Mademoiselle Lenormand continuou a mexer com as cartas, repetindo para si mesma, em voz baixa, “O pajem de paus! De novo, o pajem de paus!” Fouchè continuava a repreendê-la e disse-lhe que, se ela estivesse minimamente interessada, ele estava prestes a enviá-la para prisão onde ela, provavelmente, ficaria por um bom tempo.

“Como sabe disso?” perguntou a profetisa. “Aqui está, mais uma vez, o pajem de paus que me libertará mais cedo do que pensa.”

“Ah! O pajem de paus que levará os crédito por isso, não é?”

“Sim, o pajem de paus representa seu sucessor no cargo, - o Duc de Rovigo.”

A queda de Napoleão trouxe novo crédito e honra para Mademoiselle Lenormand. Ela previu a restauração de Bourbons e teve as recompensas da predição. O Imperador Alexandre visitou-a e consultou-a, e seu antigo patrono, Lousi XVIII, também se valeu de sua ciência e conselhos. Mas, não foram somente os monarcas da Europa que apoiaram essa mulher extraordinária. O Príncipe Talleyrand com todo seu ceticismo e com todo o conhecimento de um homem, Madame de Staël, com todo o seu alardeado talento e sabedoria, ambos foram levados pela ilusão geral.
Foi durante o consulado, que Madame Satël voltou à Paris, após longa ausência, e convenceu-se a fazer uma visita à Rue de Tournon. Durante a conversa, Mademoiselle Lenormad disse, “Você está ansiosa acerca de algum acontecimento que ocorrerá amanhã, mas que do qual terá pouca satisfação.” No dia seguinte, Madame de Staël teria uma audiência com o primeiro cônsul, que sabia muito bem de suas pretensões e que não estava muito disposto a realiza-las. Madame, todavia, estava convencida que o poder de seu intelecto e do encanto de sua fala superariam o preconceito que sabia terem contra cela. A senhora foi recebida no meu de um numeroso círculo e esperava-se que tivesse um efeito brilhante em Napoleão e todos à sua volta. Ao ser apresentada, o cônsul lhe perguntou, abruptamente, “Já viu la pie voleuse, que está tão na moda?”*

*Uma peça que presumimos ser aquela chamada “the Maid and the Magpie”, em inglês.

Surpresa com a pergunta inesperada, Madama Staël hesitou por um momento para responder. “Como dizem” acrescentou, “em breve, também teremos la pie seditieuse.” A segunda observação completou a confusão da senhora e o primeiro cônsul, sem querer aumenta-la virou-se e começou a falar com com convidados mais favorecidos. Depois dessa audiência memorável, Madame Staël lembrou-se de Mademoiselle Lenormand e desse momento em diante teve forte confiança em seus talentos, fazendo-lhe mais visitas posteriores.

A residência da profetisa por quarenta anos era numa esquina, (nº 5, Rue de Tournon) e estava escrito, acima da porta “Mademoiselle Lenormand Libraire”. A profissão de uma profetisa não reconhecida pelo código, ela pegou uma “patente libraire” para receber seus visitantes e exercer a sua vocação sem ofender o chefe de polícia ou seus agentes e sob o título de livreira, seu nome está registrado no almanaque real e nacional. Ao bater na porta do estabelecimento oracular, uma criada aparecia e você entrava num apartamento que não tinha nada de extraordinário. Bem como era a apresentada figura de Mademoiselle Lenormand a qual não era preciso nenhuma forma excessiva de impostura para sustenta-la. Uns trinta ou quarenta livros ficavam em prateleiras na parede, maioritariamente compostos pelas obras da senhora – “Les Souvenirs Prophétiques,” “La Réponse à Mon. Hoffoman, journaliste,””Le Memoirs Historiques”, e cinco ou seis outros, em sua maioria sobre assuntos cabalísticos. Mademoiselle, rapidamente, aparecia – uma mulher baixa, gorda, de rosto corado, ensombreado por cachos abundantes de uma peruca de linho com um turbante meio oriental, o resto de seu vestuário sendo muito o estilo de uma vendedora de manteiga (?) (butter-woman).

“O que gostaria?” ela perguntava ao seu visitante.

“Mademoiselle, Eu vim lhe consultar.”

“Bem, sente-se, que tipos de perguntas gostaria de fazer? Tenho de vários preços, de 6 a dez, vinte ou quatrocentos francos.”

“Gostaria de informações no valor de um louis-d’or.”

“Muito bem, venha até essa mesa, sente-se e me dê sua mão esquerda.” Então, várias perguntas seguiam-se – “Qual a sua idade? Qual a sua flor preferida? Qual animal lhe causa mais repugnância?” Durante as perguntas, ela continuava a embaralhar as cartas e então pedia que as cortasse com a mão esquerda. Ela, então, as colocava na mesa, uma a uma, ao memso tempo que declarava o seu destino futuro com uma volubilidade que tornava difícil acompanhar tudo o que dizia, como se estivesse lendo um livro impresso com grande rapidez. Nessa torrente de palavras, algumas vezes, quase ininteligível, ocasionalmente ocorria de algo tocar, particularmente, seu consulente cuja personalidade, gostos e hábitos ela, muitas vezes, descrevia com precisão, provavelmente, em parte por observação fenológica. Frequentemente, revelava situações notáveis na vida passada do consulente com grande exatidão, ao mesmo tempo que previa eventos futuros que seus consulentes viam realizarem-se. Sobre seus erros, talvez muitos, nada foi ouvido. Sendo justo com a senhora, deve-se salientar, que sua perspicácia natural e poder de observação permitiam-lhe, frequentemente, dar conselhos bastante valiosos para o consulente.

Mademoiselle Lenormand, apesar dos favores que recebia do imperador e de Josephine, era era uma adepta fixa e dedicada do ramo mais velho dos Bourbons; e, depois da revolução de julho, aposentou-se dos seus negócios, ambos em consequência de sua idade e da redução da frequência de seus visitantes, passando a maior parte de seu tempo em Aleçon, onde ela comprou terras e casas e construiu, ela mesma, a residência que chamava “La petite Maison de Socrate”. Evocando a pequena honra que um profeta recebe em sua terra natal, ela recusou-se a exercer sua vocação na sua cidade natal, dizendo que tinha ido à Aleçon para esquecer-se que era uma adivinha e que só tinha calculado horóscopos em Paris.

Não se pode saber o quanto ela, exatamente, acreditava em suas habilidades mas no fato relacionado à morte de seu irmão, ela , decididamente, pareceu acreditar nas revelações que viu nas cartas. Um outro caso foi registrado no qual ela agiu a partir de alguma analogia de onde tirou suas conclusões. No momento da primeira invasão pelos aliados, Mademoiselle Lenormand tinha uma considerável soma em dinheiro e muitos artigos de valor que estava ansiosa para confiar alguém em quem pudesse confiar. A única pessoa disponível ,na época, não lhe era muito conhecida, mas, de momento, não havia mais ninguém que pudesse escolher. “Qual animal”, disse como de costume, “tem mais repugnância?” “Aos ratos”, foi a resposta. “É sinal de bons escrúpulos, observou. “E, qual o seu preferido?” “Oh, prefiro cães mais que qualquer outro.” Mademoiselle deixou a importante carga aos seus cuidados, como se nele pudesse colocar toda a confiança.

A profetisa era, pessoalmente, gorda e feia, mas seus olhos, até mesmo com a idade, preservavam o brilho e a vivacidade e os bons cidadão de Aleçon costumavam dizer, “Que ses yeux flamboyants leur fasaient peur.” Nunca se soube que Mademoiselle Lenormand mostrou qualquer tendência para o casamento, nem nunca se questionou isso, mas ela era bem conhecida por ter grande aversão por crianças pequenas. Além de uma grande propriedade financiada , suas terras e casas em Aleçon, ela tinha uma linda casa na Rue de la Santé, em Paris, um castelo em Poissy, a oito léguas da metrópoles e a uma vasta coleção de boas pinturas, principalmente representando os atos e feitos dos membros da casa dos Bourbon; também, uma vasta coleção de anotações de eventos dos quais foi espectadora ou na qual foi a atriz, todos escritos por seu próprio punho que mais parece um rabisco cabalístico. Ela também tinha cartas e manuscritos confidenciais da maior parte dos soberanos da Europa e que fora, de fato, a maior prova de credulidade do século XIX e uma impostura que , pelo seu longo e contínuo sucesso, tiveram poucos rivais em qualquer era do mundo.

Dos dois filhos de sua irmã, quem adotou após a morte de sua irmã, a filha morreu jovem de tuberculose e o filho é, hoje, um oficial. Na morte de sua tia, ele herdou todos os seus bens.

No comments: